A Usina São José S/A Açúcar e Álcool está sendo investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público, depois da morte de toneladas de peixes no Rio Piracicaba e na Área de Proteção Ambiental Tanquã. O Ministério inspecionará a extensão do dano ambiental causado, para definir as medidas necessárias para reparar o ocorrido.
Foram solicitadas informações pela Gaema de vários órgãos, tais como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a Polícia Ambiental, entre outros. As primeiras manifestações de estranheza começaram em 7 de julho, com um odor peculiar no rio e a mortandade notada de peixes. No dia seguinte, a Cetesb identificou que a fonte poluidora que ocasionou a morte de pelo menos 3 toneladas de peixes provinha da Usina São José, localizada em Rio das Pedras (SP).
Em resposta, a Usina São José afirmou que vai continuar a colaborar com as autoridades e que irá se manifestar oficialmente no devido tempo. Além disso, a Cetesb aplicou uma multa de R$ 18 milhões à Usina São José após concluir a análise das amostras recolhidas no Rio Piracicaba. A companhia descobriu que o derramamento de resíduos da cana-de-açúcar com alta carga orgânica, contribuiu para a redução drástica no nível de oxigênio na água, tornando imprópria para a vida aquática.
A substância tóxica percorreu o Ribeirão Tijuco Preto até o Rio Piracicaba, chegando ao Tanquã e causando a debandada das mortes. A Cetesb calculou que cerca de 235 mil peixes foram mortos – em uma estimativa conservadora. Para a remoção dos peixes mortos, será realizada uma operação chamada Pindi-Pirá, coordenada pela Polícia Militar Ambiental com a colaboração de diversos órgãos, inclusive da Cetesb e a prefeitura de Piracicaba.
Durante uma coletiva de imprensa, a prefeitura de Piracicaba anunciou a criação de um Pelotão do Rio, para realizar a fiscalização permanente do manancial e prevenir futuros desastres ambientais. Outras ações como o aumento de pontos de monitoramento do rio para acompanhar a qualidade da água também foram anunciadas. Além disso, espera-se que os recursos da multa sejam usados para repovoamento do rio e apoio à população ribeirinha.
Questionada sobre o incidente, a Usina São José reiterou que está à disposição para colaborar plenamente com Cetesb, Polícia Ambiental e o Ministério Público. Comentou ainda que está avaliando o teor da decisão da Cetesb e possíveis desdobramentos. A usina citou também dúvidas quanto ao vazamento de uma substância poluente de outra origem, o que não foi considerado no relatório final da Cetesb e poderia ter contribuído para a mortandade dos peixes. Finalmente, frisou que as atividades da usina foram interrompidas entre 2020 e maio de 2024, e durante este período, ocorreram pelo menos 17 episódios semelhantes na região.