O Ministério Público da Venezuela solicitou a prisão do líder da oposição, Edmundo González. Na última segunda-feira (02), o gabinete do procurador-geral da Venezuela anunciou que um tribunal expediu um mandado de prisão contra González, acusando-o de falsificação de documentos e incitação a crimes, entre outros, em plena disputa sobre os resultados das recentes eleições de julho.
O procurador-geral Tarek Saab compartilhou uma foto do mandado com a Reuters através de um comunicado no aplicativo Telegram. De acordo com o Conselho Eleitoral Nacional da Venezuela e seu tribunal supremo, o atual presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, venceu a eleição com pouco mais da metade dos votos. No entanto, o grupo opositor liderado por González publicou números que indicam sua vitória esmagadora.
As contagens da oposição ganharam apoio de alguns países ocidentais e órgãos internacionais, como um painel de especialistas das Nações Unidas, que questionaram a transparência do processo eleitoral e pediram a divulgação das apurações completas. A oposição publicou em um site público o que afirma serem cópias de mais de 80% dos resultados das urnas.
O Conselho Eleitoral alega, por sua vez, que um ataque cibernético na noite da eleição impossibilitou a divulgação dos resultados completos. Além do mandado contra González, o procurador-geral Tarek Saab também iniciou investigações criminais contra a líder da oposição María Corina Machado e contra o site de contagem de votos da oposição.
Desde a eleição, a Venezuela tem vivido um período delicado, com detenções de membros da oposição e manifestantes, e protestos que resultaram em pelo menos 27 mortes e aproximadamente 2.400 prisões. Segundo o promotor Luis Ernesto Duenez, González é acusado de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência da lei, conspiração e associação, todos os crimes supostamente cometidos contra o Estado venezuelano.
Enquanto a situação política do país continua tensa e incerta, a oposição nega qualquer irregularidade. González, que completou 75 anos na última semana e que, por lei, não poderia ser preso devido à idade, ignorou três convocações para depor sobre a polêmica em torno do site de contagem de votos, o que deu espaço para a emissão do mandado de prisão.