A organização sem fins lucrativos, SaferNet, especializada na promoção dos direitos humanos na internet, revelou que o aplicativo de mensagens Telegram tornou-se um mercado virtual para conteúdo sexual ilícito. Segundo relatório da ONG, cerca de 1,25 milhão de usuários do aplicativo participam de grupos ou canais que vendem e compartilham imagens de abuso sexual infantil e material pornográfico.
Este relatório, intitulado Como o Telegram tem sido usado no Brasil como um espaço de comércio virtual por criminosos sexuais, foi encaminhado à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo e à Polícia Federal, assim como às autoridades francesas. Segue, assim, como peça de investigação de crimes no Telegram.
A apuração foi realizada depois de uma extensa pesquisa em 874 links do Telegram denunciados à SaferNet por usuários por conterem imagens de abuso sexual e de exploração infantil. Desses, 149 links ainda seguiam ativos, sem restrições pela plataforma.
Por fim, a SaferNet descobriu outros 66 links com conteúdos criminosos nunca anteriormente denunciados. A análise detalhada também descobriu que parte do conteúdo ilegal é divulgado por bots ou vendido com criptomoedas.
A partir dessas descobertas, a SaferNet observa que o consumo de imagens de violência sexual infantil caracteriza cumplicidade no abuso e exploração. Com os dados apurados, a organização apela para que as autoridades competentes tomem providências contra a prática ilegal no aplicativo.
O Telegram é líder em número de denúncias recebidas pela SaferNet, estando entre os dez domínios que possuem mais links associados à pornografia infantil. A empresa tem sido historicamente criticada pela falta de atuação contra criminosos que praticam desde a discriminação racial até a exploração sexual de menores.
Diante dessas informações, a SaferNet alerta para o dever de denunciar, a qualquer sinal suspeito à Central Nacional de Denúncias. Ela destaca ainda que a plataforma Telegram permite que os usuários reportem conteúdo, canais ou grupos ilícitos, tentando coibir essas práticas. Entretanto, o papel das autoridades e da própria empresa é crucial para garantir uma internet segura e livre de exploração e abuso sexual.
