Em agosto deste ano, as contas públicas brasileiras fecharam o mês com saldo negativo resultante do déficit do governo federal. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC), o setor público consolidado – composto pela União, estados, municípios e empresas estatais – registrou um déficit primário de R$ 21,425 bilhões. Embora o valor seja considerável, ele é inferior ao deficit de R$ 22,830 bilhões registrado em agosto de 2023.
O déficit primário é a diferença negativa entre as despesas e receitas do setor público, sem considerar o pagamento dos juros da dívida pública. Nos primeiros oito meses de 2024, o setor público acumula um déficit primário de R$ 86,222 bilhões.
Com uma visão mais ampla, quando observamos o período de 12 meses concluído em agosto, as contas apresentaram um déficit de R$ 256,337 bilhões, equivalendo a 2,26% do Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação, ao final do ano passado, o déficit primário era de R$ 249,124 bilhões, representando 2,29% do PIB.
Com relação à dívida pública, a situação também é preocupante. A dívida líquida do setor público, que leva em conta os créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais, atingiu a marca de R$ 7,026 trilhões em agosto, equivalendo a 62% do PIB.
Por outro lado, a dívida bruta – que contabiliza apenas os passivos – chegou a R$ 8,898 trilhões ou 78,5% do PIB, aumentando em relação ao mês anterior. Este índice de endividamento é fundamental para as agências de classificação risco analisarem a saúde econômica de um país e, consequentemente, influenciarem os investimentos.
Esses dados demonstram a complexidade e a gravidade do cenário econômico brasileiro. Apesar de um déficit menor em relação ao mesmo período do último ano, continua existindo um significativo desequilíbrio entre as receitas e despesas da União, estados e municípios, bem como um crescimento constante do endividamento público. É imperativo implementar medidas efetivas para o equilíbrio das contas públicas e garantir a sustentabilidade da economia a longo prazo.