Seca Extrema Impacta Produtividade da Cana-de-açúcar e Antecipa Colheita: Estratégias e Consequências

Seca Extrema Impacta Produtividade da Cana-de-açúcar e Antecipa Colheita: Estratégias e Consequências

A seca extrema no Brasil tem impactado fortemente a produtividade per hectare de cana-de-açúcar, o que resultou no adiantamento da colheita por diversas usinas. De acordo com levantamentos da empresa Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), houve uma queda considerável na produtividade média de 83,4 toneladas por hectare (t/ha) em setembro de 2023 para 69,7 t/ha no mesmo mês de 2024.

Tal efeito foi evidente na região centro-sul do país, onde a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Biotecnologia (UNICA) indicou que 12 unidades finalizaram a moagem até a segunda quinzena de outubro de 2024 – um aumento considerável em comparação com o mesmo período da safra anterior, quando apenas quatro usinas haviam concluído a moagem.

Apesar da queda na produtividade, houve um ganho discreto na qualidade da matéria-prima. A UNICA notou uma melhoria mais rápida entre seus associados com 160,30 kg de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar em 2024, em comparação com 149,84 kg por tonelada na safra 2023/2024.

Especialistas consultados pela Agência Brasil atribuem o aumento na moagem a uma antecipação na colheita, estratégia usada para evitar perdas maiores na produtividade. O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), Maximiliano Salles Scarpari, destacou que as usinas estão antecipando a colheita para aproveitar o momento mais favorável, ajustando o planejamento dentro da safra.

A previsão é que a seca afete a próxima safra, uma vez que a brotação já começou e há sinais de impacto. Segundo Scarpari, a extensão desse dano será mais claramente mensurável no final do primeiro trimestre de 2025. Ele também alerta que, dependendo do estoque, a queda na produtividade pode impactar o preço do açúcar e do álcool.

Diante deste cenário, a adoção de seguros paramétricos pelos produtores, baseados em critérios de produtividade, tem sido considerada uma alternativa viável para atenuar o impacto do déficit hídrico. Além disso, o uso de técnicas de irrigação é recomendado.

A pesquisa aponta que as variedades de cana brasileiras são selecionadas para tolerar cenários de seca. Contudo, as mudanças climáticas têm trazido eventos de seca mais frequentes e intensos, o que agrava o potencial produtivo. Portanto, é fundamental que medidas sejam tomadas para mitigar os efeitos da seca e garantir a sustentabilidade da indústria de cana-de-açúcar no Brasil.

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