De acordo com um estudo recente conduzido pelo Instituto Pólis, a ocupação de imóveis e terrenos desocupados na maior cidade do Brasil, São Paulo, poderia beneficiar simultaneamente o meio ambiente e a situação habitacional de diversas famílias. Especificamente, o estudo estima que mais de 200 mil famílias teriam a capacidade de receber moradia.
A pesquisa aponta que tal destinação de imóveis desocupados para pessoas de baixa renda resultaria em uma redução de 4,4 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa ao longo de duas décadas. Para comparar, essa quantidade de emissões é equivalente a 56% das emissões anuais do Uruguai ou cinco vezes a emissão da cidade brasileira de Santo André, que abriga uma população de 750 mil habitantes.
A pesquisa usou dados do Censo Habitacional do IBGE de 2022 para chegar a esses dados alarmantes. Foi identificado que existem 87 mil domicílios não ocupados dentro da cidade de São Paulo. Com informações adicionais do Imposto Predial e Territorial Urbano e da plataforma GeoSampa, o estudo concluiu que a região possui potencial para abrigar 200 mil moradias, seja através da ocupação desses imóveis vazios, seja pela construção em terrenos desocupados que somam um total de 2,5 milhões de metros quadrados.
A importância desses dados vai além das questões ambientais. Ao fornecer habitação nas zonas centrais para famílias de baixa renda, estaríamos reduzindo significativamente o tempo de deslocamento dessas pessoas entre casa e trabalho, melhorando sua qualidade de vida.
Apesar dos benefícios claros, existem obstáculos para essa implementação, incluindo finanças e regulamentações. A prefeitura de São Paulo reconheceu a necessidade de ocupação desses imóveis e terrenos vazios, e até tomou medidas para a desapropriação de alguns imóveis para transformação em moradia social.
Esta pesquisa reforça a necessidade de planejamento urbano focado no aproveitamento inteligente e sustentável dos espaços urbanos desocupados. Além de atender a uma necessidade social premente por moradia para população de baixa renda, a realização de tal esforço poderia ser um passo significativo na direção certa para conter as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos da crise climática que enfrentamos atualmente.