O palco agora é a Justiça britânica, onde se inicia o julgamento para se definir a responsabilidade da gigante de mineração BHP Billiton no desastre ocorrido na cidade de Mariana (MG), em 2015. Este julgamento traz à tona sérias questões acerca do setor de mineração e suas práticas. O processo é fortemente antecipado, uma vez que refletirá sobre a falha catastrófica que marcou a história de Mariana e de todo o Brasil.
Em novembro de 2015, a barragem em Mariana, pertencente à Samarco, joint venture entre a empresa anglo-australiana BHP e a brasileira Vale, rompeu liberando 40 milhões de metros cúbicos de resíduos e lama tóxicos no Rio Doce. O incidente não só resultou na morte de 19 pessoas, assim como o feto de uma das sobreviventes, mas também teve efeitos calamitosos e duradouros nas comunidades e empresas da região.
O processo, que se estenderá até 5 de março de 2025, inicia com as declarações das partes representadas, um processo que estima-se ter duração de quatro dias. Segundo relato do escritório Pogust Goodhead (PG), representante de cerca de 620 mil reclamantes, foram apresentados erros que teriam sido cometidos pelas mineradoras e que teriam conduzido ao desastre.
Durante o julgamento, alega-se que a BHP tinha conhecimento, pelo menos três anos antes do rompimento, de que a Vale estava despejando 1,3 milhão de toneladas de rejeitos de mineração na barragem anualmente desde 2009, desobedecendo um contrato entre a Vale e a Samarco que estipulava apenas 109.324 toneladas de rejeitos por ano.
Apesar dessas alegações, a BHP refuta as acusações e insiste que a Samarco sempre operou como uma empresa com gestão independentes. A BHP reafirma o seu compromisso com o processo contínuo de reparação e compensação em andamento no Brasil.
Este julgamento marca um ponto importante na luta pela justiça das vítimas e pelo meio ambiente. Revela a intrincada teia de responsabilidades que as grandes empresas de mineração têm com os locais onde operam. Este caso traz à luz a necessidade de se estabelecer padrões mais rígidos e fiscalização mais ativa para proteger as comunidades e o meio ambiente da exploração de recursos naturais.