Os memes políticos têm assumido um papel cada vez mais central na política brasileira, servindo tanto para engajar o público com humor quanto para disseminar ideologias e, em alguns casos, desinformação. Esta análise se aprofunda no fenômeno crescente e complexo do uso dos memes na política.
Esse fenômeno foi notavelmente exemplificado durante o debate do primeiro turno da eleição de 2022 quando a candidata presidencial Soraya Thronicke fez uma acusação cômica contra o candidato Padre Kelmon, que logo se tornou um viral na internet – um meme.
Explorando as origens do termo ‘meme’, descobrimos que ele foi cunhado originalmente na década de 1970 pelo biólogo Richard Dawkins no livro ‘O Gene Egoísta’, como termo análogo ao gene, só que na cultura. Com a popularização da internet, o termo foi adotado por usuários para definir o compartilhamento de imagens, vídeos e piadas virais.
O professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense, Viktor Chagas, explora o papel dos memes no panorama político, argumentando que eles podem ser usados para persuadir diferentes grupos e chamar a atenção para uma posição ideológica.
A pesquisadora do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Débora Salles, identifica o período de 2008 a 2012 como o momento em que os candidatos começaram a utilizar memes em suas campanhas políticas. A tendência se intensificou nas eleições de 2014 na segunda eleição presidencial de Dilma Rousseff.
No entanto, ela alerta também para o papel dos memes na propagação de desinformação e discursos de ódio. Isso se dá pela ‘zona cinzenta’ que o humor cria entre o que é ‘problemático’ e o que é ‘socialmente aceitável’, permitindo que ideias extremistas sejam disseminadas mais facilmente.
Portanto, enquanto os memes podem servir como uma ferramenta poderosa para o engajamento político, eles também apresentam riscos claros em termos de disseminação de desinformação. Isso destaca a necessidade de uma reflexão cuidadosa sobre como esses materiais são produzidos, compartilhados e consumidos dentro do espaço político.
