O vínculo imprescindível entre mudanças climáticas e insegurança alimentar foi discutido extensivamente durante um encontro acadêmico na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O 6º Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, organizado na universidade, encerrou seus trabalhos, trazendo uma gama de valiosos insights e discussões ao longo de sua duração.
Rosana Salles da Costa, coordenadora do encontro e professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UERJ, explica que a insegurança hídrica, uma consequência precária das mudanças climáticas, pode restringir o acesso a uma dieta saudável. Além disso, ela também apontou para o aumento do preço dos alimentos, um resultado direto de uma série de eventos que tornam o acesso à alimentação uma luta para muitos.
“A segurança alimentar está intrinsecamente ligada a uma miríade de questões, uma delas sendo as mudanças climáticas que afetam o acesso à água em termos de quantidade e qualidade”, disse ela. Ao mesmo tempo, destacou a importância das políticas públicas para reverter os efeitos das mudanças climáticas e assegurar a segurança alimentar adequada.
O encontro, promovido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), focou-se na junção da pesquisa e das políticas públicas na soberania e segurança alimentar, à medida que lidamos com a desigualdade, a fome e as mudanças climáticas.
A segurança alimentar se refere ao direito humano de ter acesso adequado a alimentos para todos os membros da família, enquanto a insegurança alimentar prevalece quando esse direito não é cumprido. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios no Brasil (Pnad) mostra, com preocupação, que 10,8% dos domicílios liderados por mulheres e 7,8% dos liderados por homens sofrem de insegurança alimentar moderada a grave.
O encontro também discutiu soluções concretas para enfrentar este problema cada vez maior. Análise aprofundada e propostas de políticas voltadas para famílias lideradas por mulheres negras, que são urgentemente necessárias, foram amplamente debatidas durante o evento. Acertadas soluções tecnológicas, como o aplicativo VIGISAN, desenvolvido pela Rede Penssan, e a plataforma FomeS, também foram introduzidas, proporcionando uma visão mais clara e expansiva do problema.
Assim, o encontro salientou a necessidade urgente de enfrentar a crescente insegurança alimentar no Brasil, exacerbada pelas mudanças climáticas. Estas discussões, debates e descobertas propostas vão abrir caminho para politicas mais informadas e eficazes para lidar com a crescente crise alimentar do Brasil.