A cidade de São Paulo foi palco do lançamento da Rede Global de Acadêmicos da Liberdade, uma iniciativa pioneira no Brasil com o propósito de reduzir o abismo entre ex-detentos e o diploma universitário. A ideia principal é proporcionar uma segunda oportunidade através da educação para indivíduos que estiveram presos, tirando-os de um ciclo de reincidência criminal e os levando para um caminho de crescimento e desenvolvimento.
Cristiano Silva de Oliveira é um exemplo vivo do impacto da educação em um ex-detento. Acusado de cometer um crime econômico e sentenciado a 14 anos e 8 meses de prisão, Oliveira entrou no sistema prisional com apenas o ensino médio completo. Hoje, não só possui uma graduação, mas também lidera o projeto EuSouEu, facilitando a comunicação entre presos e seus familiares, além de promover a educação dentro do sistema penitenciário.
Oliveira revela que sua trajetória incomum não foi o resultado de programas de ressocialização ou da intervenção de autoridades correcionais. Pelo contrário, conseguiu concluir sua graduação desafiando o sistema e fazendo isso como parte de um coletivo. Inspirado por essa ideia, a Rede Global de Acadêmicos da Liberdade tem como objetivo reduzir a distância entre os ex-presidiários e o diploma universitário.
Este projeto é idealizado pela Incarceration Nations Network, contando com o apoio do projeto Nova Rota, iniciado em 2019 por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Fornecendo bolsas de estudo, mentoria e apoio multidisciplinar, a iniciativa é pioneira em termos de inclusão social de ex-detentos no ambiente acadêmico. Atualmente, mais de 20 alunos estão matriculados em cursos de graduação em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, o ensino superior é excepcionalmente raro entre a população carcerária. Dados do Ministério da Justiça e da Segurança Pública revelam que apenas uma pequena porção dos detentos possui ensino superior incompleto ou completo. Ao desafiar essas estatísticas, a Rede Global de Acadêmicos da Liberdade espera propor uma nova rota para ex-detentos, possibilitando novas histórias como a de Oliveira.
Através da oferta de recursos educacionais, apoio multidisciplinar e uma gama de oportunidades, a Rede Global de Acadêmicos da Liberdade e o projeto Nova Rota têm o potencial de transformar vidas, oferecendo novos caminhos para indivíduos que precisam de uma segunda chance. Como declara Katherine Martins, coordenadora do Nova Rota, Educação não é para remissão, para conseguir emprego. Educação é para si mesmo, se formar, se potencializar e modificar a si e o que está ao redor.