O crescente problema do contrabando e do crime organizado nas 588 cidade fronteiriças brasileiras está intimamente ligado à fragilidade econômica destas áreas, um obstáculo central para essas regiões onde os eleitores estão se preparando para escolher prefeito e vereadores no próximo domingo (06). Residentes nessas áreas enfrentam questões particulares como elevada evasão escolar e a presença de organizações criminosas influentes, resultando deste cenário que é ao mesmo tempo o produto e o propulsor de uma economia dominada pelo contrabando.
De acordo com especialistas consultados pela Agência Brasil, um dos obstáculos mais prevalentes na luta contra o contrabando e em minimizar a influência do crime organizado é a falta de projetos econômicos sólidos nas áreas de fronteira. O presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Stremel Barros, destaca o atraso relativo nas áreas de fronteira, afirmando que estas foram as últimas regiões do país a obter investimentos significativos. Como resultado, os municípios enfrentam uma série de desafios estruturais, como falta de infraestrutura e carência de atividades que poderiam impulsionar o desenvolvimento local.
As cidades fronteiriças no Brasil abrangem uma área de 150 quilômetros a partir dos limites com os dez países vizinhos. Estes municípios ocupam cerca de 16% do território nacional e são hogar para 11 milhões de habitantes. É sugerido que um meio eficaz de estimular o desenvolvimento econômico poderia ser através da promoção do turismo nessas áreas, que possuem diversidade de biomas e atrações naturais únicas.
Entretanto, é importante observar que o Brasil se tornou um dos principais pontos de tráfico internacional, especialmente de drogas produzidas em países vizinhos como Bolívia, Peru, Colômbia e Paraguai. Organizações criminosas se infiltraram em várias cidades fronteiriças, chegando a comprometer as instituições locais.
Além do crime e do tráfico, as cidades de fronteira enfrentam desafios como evasão escolar e contrabando. Muitos residentes veem o contrabando como um meio de lidar com a ausência de uma economia local forte. Estima-se que esta atividade ilegal movimente bilhões de reais anualmente no Brasil, criando um déficit enorme em renda tributária que de outro modo beneficiaria os cofres públicos.
Em maio deste ano, o governo federal lançou a Política Nacional de Fronteiras com o objetivo de promover a segurança, desenvolvimento sustentável, integração regional e proteção social nas fronteiras brasileiras. Apesar de ser um avanço significativo, ainda resta muito a ser feito para apoiar o desenvolvimento dessas áreas conflituosas.