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Há 2 anos, família busca justiça por morte de advogada em MG; polícia aponta feminicídio

A história da família Magalhães se transformou na noite de 8 de junho de 2022. A morte da advogada Carolina Magalhães, 40, e as respostas para o caso, não foram suficientes. Após mais de 2 anos, a família busca por justiça acerca do possível feminicídio, ocorrido em Belo Horizonte (MG).

O caso envolve elementos de uma relação amorosa conturbada. Diversos relatos dão indícios de autoria para um crime, com diversos antecedentes, relatados por várias testemunhas.

Antes do trágico fim, discussões, agressões e sons de quedas foram informados aos policiais. De acordo com o inquérito policial, que durou dois anos, Carol morreu porque foi jogada do oitavo andar.

A investigação

Era quase madrugada de uma quarta-feira, quando o porteiro do prédio se assustou com o impacto de algo que aparentara ter caído. Quando deixou a guarita de segurança do condomínio, o funcionário encontrou Carolina Magalhães caída na área próxima da piscina. Ao retornar para o posto, onde pediria ajuda, encontrou Raul, então companheiro de Carol, saindo do elevador.

Para a polícia, a história começa horas antes, por volta de 21h, quando vizinhos relataram ouvir discussões e sons de vidro quebrando no apartamento.

Testemunhas relataram dizeres de um voz feminina: “vai, eu não preciso mais te aguentar, aguentar isso ou aguentar você”.

Outra vizinha relatou à polícia que ouviu um estrondo, e outro que se repetiu, entre 5 e 10 minutos depois, identificado como mais distante, e concluído como a queda do corpo.

Dentro do apartamento, a polícia relata que encontrou respingos de substância avermelhada, roupas de cama manchadas e molhadas, vidros de taça de vinho quebrada, tela de proteção de uma janela cortada e depositada no lixo da cozinha e um corte de tela da janela na varanda próxima a sala, onde possivelmente a vítima teria ultrapassado ou sido arremessada. Os laudos comprovaram DNA de sangue do casal, dentro do apartamento.

Depoimento do ex-companheiro

Na versão do ex-namorado de Carolina, o casal jantava após os filhos dela saírem do apartamento, quando o desentendimento começou, se estendendo até o quarto dela, onde a dinâmica com a taça de vinho teria ocorrido.

Ele relato para polícia, ele contou que, após a discussão, com medo, foi para o banheiro do apartamento, onde permaneceu até sair, juntar suas roupas e deixar o apartamento.

Sobre a morte de Carolina, ele descreveu que, ao entrar no elevador, ouviu o barulho da queda do oitavo andar, sendo abordado pelo porteiro do prédio. De acordo com a polícia, a versão cronológica não foi comprovada por imagens de câmeras de segurança.

Na versão apresentada, Raul alega que ficou trancado no banheiro durante a “preparação” do suicídio, que contemplou a limpeza do quarto do casal e corte da rede de proteção, da janela do apartamento.

A CNN tenta contato com a defesa de Raul. O espaço segue aberto.

Conclusões da investigação

Raul foi indiciado como responsável pela morte de Carol, em 2022. A polícia descreve a briga, a agressão dele contra a vítima, e ações seguintes, que resumidamente, resultaram na ocultação de elementos que comprovassem as agressões e autoria do crime, além de manipulação da cena do crime.

No documento apresentado pela Polícia Civil de Minas Gerais, o ex-companheiro de Carol é descrito como autor do crime, uma vez que todos os indícios e conjunto de provas, recolhidos no tramite das investigações, atestaram para diversos casos de agressão de Raul contra a vítima, configurada e descrita como uma “relação tóxica”.

O laudo pericial comprovou que as fraturas no corpo indicam que não houve projeção, não atestando a possibilidade da tese de que a advogada teria cometido suicídio.

Em mais de 17 páginas, a polícia descreve as ações do crime, além de refutar diversos pontos dos argumentos apresentados por Raul. O documento encerra dizendo que estão reunidos nos autos elementos que dão conta da autoria, materialidade e dinâmica do delito.

Processo

O inquérito foi concluído em setembro e Raul foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais por homicídio triplamente qualificado, motivo torpe e meio que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima.

Em trecho da denúncia oferecida, o MP alega que “o crime foi cometido contra a mulher, por razões da condição de sexo feminino, em cenário de violência doméstica e familiar, permeada por violência física e psicológica à vítima, as quais foram materializadas pela ação delitiva levada a cabo pelo denunciado”, diz.

A justiça mineira acatou a denúncia e abriu o processo criminal contra o ex-namorado de Carolina. O caso será julgado por Júri Popular, por enquanto, sem data prevista para acontecer.

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