A Polícia Federal indiciou na sexta-feira (16) as autoridades Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), juntamente com quatro outros policiais suspeitos de tentar dificultar o deslocamento de eleitores no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. As investigações apontam que eles teriam usado sua autoridade para ordenar operações ilegais destinadas a dificultar a mobilização dos apoiadores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva no dia das eleições.
A denúncia foi previamente confirmada por uma reportagem da Agência Brasil e relatada em um relatório parcial enviado pela PF a Procuradoria Geral da República (PGR). A PGR agora está avaliando o relatório para determinar se existem indícios suficientes para denunciar os envolvidos à justiça, se mais investigações são necessárias ou se o caso deve ser arquivado por falta de provas.
As investigações também envolvem Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, Fernando de Sousa Oliveira, Leo Garrido de Salles Meira e Marília Ferreira de Alencar. Todos estão sob suspeita do crime de violência política por tentar restringir, impedir ou dificultar o exercício dos direitos políticos de terceiros.
A investigação revelou que a PRF realizou uma quantidade inexplicavelmente grande de blitzes policiais no Nordeste, claramente superior àquelas realizadas em outras regiões do país, onde Lula liderava as pesquisas de intenção de voto.
O ex-ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou Vasques após um ano de prisão. Moraes registrou que, devido ao avanço das investigações, os motivos que levaram à prisão preventiva já não são mais válidos. Ele ordenou que Vasques fosse monitorado por uma tornozeleira eletrônica e proibido de usar as redes sociais, além de se reportar periodicamente à Justiça. Torres também foi temporariamente preso sob acusações relacionadas a atos golpistas.
O advogado de defesa de Vasques, Eduardo Nostrani Simão, contestou as acusações, argumentando que a acusação de violência política não se aplica ao caso de seu cliente e que eles têm confiança que a PGR decidirá pelo arquivamento do caso.