Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, comunicou ao Supremo Tribunal Federal (STF), em depoimento virtual, que se sente humilhado pelo uso contínuo de algemas nos pés durante sua estadia no presídio federal em Mossoró (RN), onde se encontra preso.
Barbosa, que está respondendo por acusações de homicídio e organização criminosa, prestou depoimento pelo segundo dia consecutivo em um processo no qual está sendo acusado do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O acusado também relatou estar recluso por sete meses até o momento, sem qualquer contato físico com outros detentos.
Além de relatar a humilhação sentida por seu atual estado de encarceramento, Barbosa recordou os momentos que antecederam sua prisão. De acordo com ele, antes de ser levado por agentes da Polícia Federal, realizou uma oração com sua família, onde pediu por verdade e justiça.
O ex-delegado levantou questões sobre a conduta dos policiais durante sua prisão. Declarou que sua esposa, Érica Andrade (também acusada por lavagem de dinheiro), foi desrespeitada durante a busca domiciliar. Barbosa criticou a falta de sensibilidade dos policiais, citando o desconforto de sua esposa ao se apresentar publicamente em trajes íntimos.
No depoimento, o ex-delegado reiterou que não tinha qualquer relação com o ex-policial Ronnie Lessa e os irmãos Brazão, apontados como os mandantes do crime. Mesmo com a sujeição a um tratamento que classifica como humilhante, Barbosa mantém sua inocência e pede por justiça.
Além de Rivaldo Barbosa, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira, também são réus pelo assassinato de Marielle, todos acusados de homicídio e organização criminosa. Conforme as investigações da Polícia Federal, a morte de Marielle é atribuída à oposição da vereadora aos interesses do grupo político dos irmãos Brazão.
Analistas sugerem que o crime foi planejado de modo meticuloso, e as autoridades afirmam que Barbosa contribuiu para impedir a investigação inicial do caso. Este fato, aliado as duras condições de sua prisão, continuam a inflamar discussões sobre o sistema prisional brasileiro, justiça, e os direitos dos presos.