Com as eleições municipais no horizonte, a questão sobre como as capitais brasileiras enfrentam a crise climática e implementam medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa tornou-se cada vez mais proeminente. As queimadas intensas que atingem diferentes partes do país, afetando a qualidade do ar em várias cidades grandes, colocam um maior sentido de urgência sobre o assunto. Estudos recentes realizados pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) revelam a magnitude do desafio. Para atingir as metas estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU sobre emissões de carbono, muitas das maiores cidades do Brasil precisam reduzir mais da metade do volume de suas emissões líquidas.
No entanto, existe uma discrepância notável entre a urgência para lidar com a crise climática e a prática metropolitanas atuais. Por exemplo, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, tem registrado um aumento no volume de emissões líquidas em vez de seguir o plano estabelecido da Agenda 2030. Esta incrível falta de progresso torna-se ainda mais alarmante quando se considera as possíveis ações administrativas municipais que poderiam ser implementadas para combater essas emissões.
A prefeitura por si só possui um poder significativo na redução dessas emissões. Áreas como transporte, consumo de energia e gestão de resíduos poderiam ser transformadas por medidas municipais eficazes. Por exemplo, a eletrificação do transporte público é uma iniciativa que já está sendo estabelecida em algumas cidades e poderia ter um impacto significativo na redução das emissões se fosse adotada em grande escala. Além disso, as prefeituras poderiam promover a economia de energia elétrica e de combustíveis em toda a cidade e implementar o uso de energia solar e eólica quando possível. Também é essencial para as cidades se concentrarem em eliminar os lixões e alocar mais recursos para os aterros sanitários, uma vez que a disposição incorreta de lixo está associada a altas emissões de gases de efeito estufa.
No entanto, tais ações são improdutivas se não forem acompanhadas por um esforço coletivo para educar a população sobre a importância dessas mudanças. À medida que os eleitores se tornam mais conscientes dos efeitos das mudanças climáticas e da necessidade de ação imediata, as políticas que visam à redução das emissões de carbono ganharão mais apoio e passarão a ser vistas como mais do que apenas ‘verdes’, mas como componentes necessários para a sobrevivência e o bem-estar humanos.
Consequentemente, a questão é tanto política quanto científica. Os candidatos a cargos municipais precisam reconhecer a importância de soluções de mitigação de mudanças climáticas e implementar planos eficazes para cumprir as metas de redução de emissões de carbono. Entretanto, sem uma população informada e engajada que apoie essas ações, os esforços para reverter as crescentes taxas de emissões de carbono serão insuficientes. Portanto, a chave para resolver a crise climática nas cidades começa com a inculcação de uma sensibilidade ambiental em todos os cidadãos, pressionando os políticos a colocarem a questão climática no centro de suas agendas políticas.