As famílias de renda baixa e muito baixa no Brasil viram a inflação desacelerar em julho, enquanto as classes de renda mais alta experimentaram uma elevação na taxa comparada ao mês de junho. Esse é o destaque do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado em meados de agosto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa mostra que a inflação para as famílias de alta renda subiu para 0,80% em julho, um aumento em relação aos 0,04% registrados em junho. Em contraste, as famílias de baixa renda viram sua taxa de inflação cair, com as famílias de renda muito baixa e baixa registrando taxas de inflação de 0,09% e 0,18% respectivamente, uma queda frente aos 0,29% de junho.
Além disso, a menor taxa de inflação acumulada em 12 meses foi das famílias de renda muito baixa (4,05%), enquanto a faixa de renda alta apresentou a taxa mais alta (5,09%). Os dados também apontam que o agrupamento de alimentos e bebidas liderou a descompressão inflacionária para todas as faixas de renda, graças à queda de preços em 10 dos 16 segmentos que compõem o grupo.
Entre as famílias de menor poder aquisitivo, essa queda de preços causou um alívio inflacionário significativo, considerando que uma grande parte de seu orçamento é destinada à compra desses bens. Itens como cereais, tubérculos, frutas, aves, ovos e leite tiveram deflações notáveis. Por outro lado, os aumentos de 1,9% no preço da energia elétrica e de 1,2% no preço do botijão de gás levaram a um impacto inflacionário entre as famílias de renda mais baixa.
As famílias de renda alta foram mais afetadas por aumentos de 3,3% nos combustíveis, 4,4% no seguro veicular e 19,4% nas passagens aéreas, impactos significativos exercidos pelo grupo de transportes para a inflação das classes mais altas em julho. Aumentos em serviços pessoais e de lazer também contribuíram para a pressão inflacionária nos segmentos de maior renda.
O indicador do Ipea mostra ainda que todas as faixas de renda experienciaram um avanço da inflação corrente em comparação com o mesmo período do ano anterior. A inflação acumulada em 12 meses até julho de 2024 indica que todas as classes de renda registraram aceleração de sua curva de crescimento. Em termos absolutos, aqueles da faixa de renda baixa apresentaram a menor taxa de inflação (4,1%), enquanto a faixa de renda alta registrou a maior taxa no período considerado (5,1%).