O fenômeno de ataques a ônibus na cidade do Rio de Janeiro tem gerado significativas consequências, tanto financeiras como sociais. São danos que ultrapassam o valor equivalente à compra de 100 novos ônibus. As ações dos criminosos são cada vez mais audaciosas e incomodam os passageiros e motoristas, desestruturando toda a malha de transporte coletivo e incutindo medo na população.
Nos últimos dias, quatro veículos foram sequestrados pelos criminosos com o intuito claro de obstruir vias e atrapalhar ações das forças de segurança. E é um problema que não se restringe a uma região da cidade, pois ataques ocorrem desde a zona oeste até a zona norte, afetando diversas linhas de ônibus.
O Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) classifica a violência contra veículos do transporte público como recorrente. Dados recentes apontam que já são 136 veículos que foram alvos desse tipo de ação nos últimos 12 meses. Um direcionamento que está sofrendo a prática de evacuar os veículos e forçar o motorista a manobrar os ônibus, afetando milhares de usuários dessas linhas e outros cidadãos que dependem dessas vias para transitarem.
Obviamente, isso tem um custo. E o custo é alarmante. Em entervista à Agência Brasil, o diretor de Comunicação e Relações Institucionais do Rio Ônibus, Paulo Valente, revelou que os ataques causaram um prejuízo de cerca de R$ 75 milhões em apenas dois anos. Esse valor equivaleria à compra de 100 veículos zero quilômetros, que poderiam estar a serviço da população.
Mas os danos vão além da questão financeira. Dados do Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro apontam que, entre 2022 e 2024, entre 200 e 250 motoristas abandonaram a profissão após vivenciarem situações de crimes e agressões nos transportes coletivos. A constante violência também está causando agravos psicológicos aos motoristas que permanecem na profissão, como destaca Paulo Valente, afirmando que a situação já impacta a contratação de novos profissionais para algumas linhas.
O grande problema é que, embora o prejuízo imediato seja das empresas de ônibus, esse custo será, de uma forma ou de outra, repassado para a população. Seja por meio de um aumento no valor de tarifas, seja pela deterioração da qualidade do serviço de transporte público. São danos que afetam a economia local, a mobilidade urbana e até mesmo a imagem do Rio.
As constantes ações violentas, segundo Valente, estão inseridas num cenário de crise do sistema de transporte do Rio de Janeiro, que vem desde 2016 e que foi extremamente agravada com a pandemia. Juntando-se a isso, a falta de segurança ainda pode levar mais empresas à falência, complica ainda mais a situação dos sindicatos e dos profissionais do setor.
Para Paulo Valente, a verdadeira solução deste problema envolve grandes desafios, precisando-se de uma ação coordenada entre as forças de segurança e as autoridades, visando combater o crime organizado e melhorar a segurança pública. É uma situação que precisa ser abordada como prioridade para garantir os direitos de ir e vir da população do Rio de Janeiro.