O Pantanal enfrenta uma devastadora crise ambiental. Somente neste ano, incêndios consomem mais de 15% do bioma, equivalente a 2,3 milhões de hectares. Esta assustadora constatação é revelada por dados recentes do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).
Os incêndios no Pantanal não representam um problema novo. No entanto, a magnitude da questão em 2021 é alarmante. De acordo com dados do Lasa-UFRJ, a passagem de uma frente fria na região iniciou um novo alerta de perigo extremo de fogo, com previsões preocupantes para a Bacia do Paraguai, localizada no Pantanal.
As condições climáticas atuais, previstas até o próximo sábado (31), dificultam significativamente o combate aos incêndios, inclusive por meios aéreos. Isso se deve à alta velocidade de propagação do fogo, o que torna o enfrentamento desse desafio ainda mais árduo.
O impacto desses incêndios é extenso e profundo, afetando várias esferas da birorreia local. As terras indígenas, por exemplo, sofreram significativas perdas. Em toda a extensão do bioma, mais de 371 mil hectares foram consumidos. A Terra Indígena Kadiwéu foi a mais atingida, perdendo mais de 357 mil hectares – 66,4% do seu território total.
A situação tem exigido intensos esforços de combate ao fogo. Segundo o último boletim do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), divulgado em 20 de agosto, 959 profissionais estão empenhados nessa batalha com o apoio de 18 aeronaves. Até o dia 18 de agosto, 569 animais silvestres foram resgatados.
No entanto, o combate ao fogo no Pantanal ainda enfrenta grandes desafios. No dia 27 de agosto, o Supremo Tribunal Federal determinou um prazo de 15 dias para que o governo federal fortaleça o quadro de pessoal e equipamentos de combate ao incêndio no Pantanal e na Amazônia. Em 10 de setembro, uma audiência de conciliação avaliará o cumprimento dessa medida.
No mesmo dia, uma portaria do governo federal autorizou o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) a formar brigadas temporárias em municípios de 18 estados e do Distrito Federal. Algumas possuem equipes de 13 a 25 profissionais e outras reforçam a prontidão, capazes de mobilização em menos de 24 horas.
Este cenário destaca a imperiosa necessidade de medidas eficazes e rápidas para conter a erosão do Pantanal, um dos biomas mais ricos e diversificados do mundo. Espera-se que as autoridades estejam à altura dessa urgente demanda ambiental. Todo esforço para preservar a riqueza natural inestimável deste espaço é crucial.
