A vitoriosa trajetória política de Leci Brandão é tema de celebração enquanto a líder negra completa 80 anos. Natural de Madureira, Leci Brandão se destacou como a segunda mulher negra a ser eleita deputada estadual em São Paulo, cargo que ocupa desde 2010.
Atualmente no quarto mandato consecutivo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Leci se distinguiu nas comissões de Defesa dos Direitos das Mulheres, de Direitos Humanos, e também exerceu um papel crucial como vice-presidente da Comissão de Educação e Cultura. Ao longo de sua carreira política, apresentou mais de 100 projetos, dos quais 60 se tornaram leis, demonstrando significativo compromisso com a promoção da igualdade racial, da cultura popular e defesa das tradições de matriz africana.
Além de atuar como Ouvidora da Alesp, Leci tem sido uma voz fundamental na defesa de grupos sub-representados. Ela apoia e dá visibilidade a lideranças diversas, sejam elas no samba, nas religiões de matriz afro, no hip hop ou nas comunidades periféricas. Em cada aspecto de seu trabalho, Leci valoriza e qualifica a participação democrática, apoiando não apenas organizações não governamentais que constroem a política além dos espaços legislativos, mas também projetos sociais que tocam a vida cotidiana das pessoas.
Para marcar os 80 anos de Leci Brandão, a Agência Brasil homenageou seu legado político ouvindo três líderes negras que expressaram a importância de seu trabalho. Nesse contexto, a coordenadora executiva do Instituto Geledés, Nilza Iraci, destacou a influência de Leci na política e como, através de sua música, ela provocou debates sobre diversos tabus. Sua arte se tornou um instrumento de libertação, uma ponte de alcance com a comunidade LGBTQIA+ e o jogo complexo da objetificação racial. A legislação defendida por Leci procura ampliar os direitos e melhorar a vida da população negra.
Leci é vista como uma importante inspiração para a jovem geração. Lúcia Xavier, coordenadora geral do Criola, mencionou os esforços de Leci em enfrentar barreiras estruturais, abrindo novos caminhos para a população negra. A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, elogiou a presença política de Leci desde a década de 1960 e como sua carreira musical e política têm sido uma constante fonte de inspiração e abertura de caminho para as novas gerações.
Sendo a primeira mulher oficialmente compositora, defender causas sociais e aceitar concorrer ao parlamento, Leci construiu uma história que só vem crescendo, quebrando estereótipos e reafirmando arquétipos. A medida que chegamos ao marco dos 80 anos de vida de Leci Brandão, refletimos sobre seu impacto, não apenas como uma figura política, mas também como uma artista e uma líder comunitária, trazendo consigo todo o respeito e admiração que foi acumulado em décadas de serviço dedicado ao público. O exemplo dela serve como um farol para futuras gerações de líderes, ativistas e artistas levarem adiante seu legado.