O Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que este ano acolheu como membros Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito, tem um papel estratégico na atual disputa tecnológica e comercial ao atuar como alternativa às dificuldades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados ao avanço comercial e tecnológico da China. Esta é uma das principais discussões levantadas na 16ª Cúpula do Brics, que tem lugar entre 22 e 24 de outubro, em Kazan, Rússia.
O Brics atua como uma plataforma crucial para países que sofrem bloqueios econômicos e sanções de potências ocidentais, como Irã e Rússia, para contornar a asfixia financeira e avançar em setores de alta tecnologia. Enquanto isso, o Brasil enfrenta o importante desafio de se equilibrar entre os dois principais blocos geopolíticos em disputa para colher benefícios comerciais e tecnológicos.
Especialistas consultados pela Agência Brasil sublinham que a China tem enfrentado sanções econômicas dos EUA e da Europa que tentam barrar o avanço tecnológico do país asiático, inclusive campanhas para excluir empresas chinesas na expansão da internet 5G de alta velocidade. O principal campo de embate entre China e EUA centra-se em setores de tecnologia de ponta, como chips, foguetes, biotecnologia, medicamentos e química avançada.
Soluções alternativas e inovações surgem em meio a esta tensão, e o Brics, com o seu Banco dos Brics, poderia ter um papel fundamental em fomentar a cooperação tecnológica entre os estados-membros e permitir o desenvolvimento de tecnologias de ponta. Nesse sentido, especialistas acreditam que o bloco, do qual o Brasil se beneficia, deve buscar estratégias para fortalecer a cooperação e aprimorar os sistemas de financiamento e de mercados.
Na perspectiva dos especialistas consultados, o Brasil deve aproveitar sua relação com a China para avançar em termos tecnológicos, principalmente em setores onde o país já possui tecnologia de ponta, como na pesquisa agropecuária, tecnologia aeronáutica, petróleo e gás, além de construção civil e hidrelétricas. Tal posicionamento estratégico pode resultar não apenas em ganhos comerciais, mas também em avanços significativos para a indústria brasileira de tecnologia.