Entre os dias 22 e 24 de agosto, o estado de São Paulo enfrentou uma onda de calor. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), foram identificados 2,6 mil focos de calor, com 81,29%, ou seja, mais de oito em cada dez, localizados em áreas dedicadas à agropecuária. Este relatório preocupante foi divulgado em 27 de agosto.
O IPAM conduziu seus monitoramentos utilizando tecnologias modernas, como imagens de satélite e informações da Rede MapBiomas de 2023. A análise da situação resultou em alguns dados específicos. Descobriu-se que 1,2 mil focos de calor (44,45% do total) estavam em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, enquanto outros 524 (19,99%) estavam em áreas conhecidas como mosaicos de usos, que costumam ser áreas de pastagem e/ou agricultura indistintas. Mais 247 (9,42%) encontravam-se em pastagens e 195 (7,43%) em áreas de silvicultura, soja, citrus, café e outros cultivos.
Porém, não foi apenas a agropecuária que foi afetada. A vegetação nativa, crucial para o equilíbrio do ecossistema, sofreu com 440 focos de calor (16,77% do total). As formações florestais foram particularmente atingidas, representando 13,57% dos incidentes.
Os focos estavam dispersos por todo o estado, mas cinco cidades estavam na dianteira: Pitangueiras (3,36%), Altinópolis (3,28%), Sertãozinho (2,4%), Olímpia (2,17%) e Cajuru (2,1%). Com exceção de Olímpia, todas estão próximas a Ribeirão Preto.
Os dados recolhidos nesta ocasião não apenas quantificam o problema, mas também evidenciam o quanto a situação é alarmante. Na sexta-feira, 23 de agosto, foram contabilizados mais focos de calor em São Paulo do que em todos os estados da Amazônia juntos. O alarme não parou por aí – os satélites registaram colunas de fumaça aparecendo a cada 90 minutos entre 10h30 e 12h, e um aumento impressionante de 25 para 1.886 focos em todo o estado.
Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, alertou que esta não é uma situação comum. O estado de São Paulo está passando por algo semelhante ao Dia do Fogo do Pará em agosto de 2019, que resultou em incêndios catastróficos que afetaram áreas protegidas e terras indígenas. O surto de focos de calor acende o sinal de alerta para uma crise ambiental iminente que precisa ser combatida para preservar tanto a economia agrícola deste estado brasileiro quanto sua biodiversidade.