Alberto Fujimori, o notório ex-presidente do Peru, morreu aos 86 anos, deixando um legado complexo e controverso. Ele líderou o período de crescimento econômico peruano na década de 1990, apesar de, posterirormente, ser aprisionado por abusos de direitos humanos. Sua morte, acontecida em uma quarta-feira, encerra um capítulo tumultuado da história política peruana.
Filho de imigrantes japoneses, Fujimori era apenas um reitor desconhecido de uma universidade agrícola quando ascendeu ao maior cargo do país em 1990. Rapidamente estabeleceu-se como um político perspicaz e prático. Mesmo com críticas quanto a centralização de poder, conseguiu resultados significativos no país, como o término da hiperinflação que deixou milhões de peruanos desamparados. Na sua gestão, privatizou grande número de empresas estatais e diminuiu tarifas comerciais, colaborando para a estabilidade da economia peruana.
Além da marca econômica, sob seu comando, Abimael Guzmán, o temido líder do Sendero Luminoso, foi capturado, desferindo um golpe vital na organização que ameaçava derrubar o Estado peruano nos anos 80. No entanto, com o fechamento do Congresso em 1992 e a subversão da Constituição para permitir reformas de livre mercado e leis rígidas antiterrorismo, muitos passaram a vê-lo como autocrata.
Polêmicos escândalos de corrupção mancharam sua carreira de 10 anos, oscilando a opinião pública contra ele. O auge ocorreu em 2000, com vídeos vazados de seu assessor, Vladimiro Montesinos, subornando políticos. Após esse incidente, mudou-se para o Japão, onde renunciou e, posteriormente, tentou, sem sucesso, conquistar um assento no Senado japonês. Entretanto, as acusações de uso de esquadrões da morte perseguiam-no e, em 2005, ainda com esperança de retomar a carreira política, decidiu voltar ao Peru. No lugar, foi preso no Chile e extraditado ao Peru em 2007, sendo condenado e sentenciado em 2009 a 25 anos de prisão. A morte de Alberto Fujimori é, assim, o encerramento de uma era marcada por avanços e retrocessos, um legado que permanece como um paradoxo até os dias atuais.
