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A Literatura Universal de Conceição Evaristo: Abordagens Dolorosas e Significativas

Conceição Evaristo, autora brasileira que glorifica a identidade e persistência dos negros no Brasil, afirma em entrevista que sua literatura fala para cada indivíduo sem distinções. Sua presença em um evento literário internacional no município de Paracatu trouxe destaque para o trabalho intenso e emotivo que carrega em suas obras, capaz de fazer a própria autora derramar lágrimas durante o processo de escrita. Evaristo cria, lida e molda personagens como se fossem filhos, dedicando horas, dias e até anos para que o texto chegue ao nível de excelência que busca atingir. O prazer na criação é um detalhe crucial da autora, que esclarece a satisfação que sente ao concluir um texto que retrata histórias difíceis.

Ao ser questionada sobre a importância do afeto em sua obra, Evaristo defende a ideia que cada personagem é um eco de alguma vivência pessoal. O vínculo com cada figura literária, portanto, surge do afeto ingredientado em cada linha escrita, o que permite que cenas difíceis sejam construídas com a profundidade necessária.

A educadora e escritora também discute a questão complexa do preço dos livros no Brasil, apontando a real dificuldade que muitos têm para adquirir uma obra literária devido ao custo elevado. A autora questiona a acessibilidade da população à leitura, defendendo que a falta de oportunidade de formação como leitor é o verdadeiro obstáculo para um brasileiro não ser um leitor assíduo. Uma ponderação relevante sobre o assunto é a necessidade de uma política pública mais efetiva para proporcionar o acesso à cultura literária entre os brasileiros.

Evaristo possui um objetivo claro em sua literatura: incomodar, provocar reflexão e destacar a vida das pessoas negras na sociedade brasileira. Apesar de sua experiência pessoal como mulher negra ser a matriz de suas obras, ela acredita que é capaz de produzir uma literatura universal que convoca todas as pessoas, independentemente de cor ou nacionalidade, a pensar e se engajar nas questões abordadas.

Esse perfil determinado e disruptivo de Conceição Evaristo se aplica inclusive à escolha de suas próprias leituras. A autora se dedica à leitura de outros escritores africanos que escrevem em língua portuguesa, além de revisitar obras de autores significativos como Carolina Maria de Jesus. E também se prepara para um novo desafio: a criação de um livro de poesias eróticas, com intensa cautela para evitar a objetificação do corpo negro. A autora planeja trabalhar com linguagens insinuantes e sutis, permitindo ao leitor um processo de maturação após a leitura. A obra em desenvolvimento é mais um passo valente de Evaristo em direção ao questionamento e desestabilização das normas e estereótipos predominantes na literatura e sociedade contemporâneas.

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