A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) vivencia um clima tenso entre alunos e servidores. A universidade suspendeu todas as atividades acadêmicas, um impacto direto do conflito surgido na tarde desta quinta-feira (15). Um grupo de estudantes mesclando diversas áreas de estudo, havia estado ocupando o prédio da reitoria desde 26 de julho, ação que instigou atos de resistência em resposta às alterações introduzidas nas normas para concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil destinados aos discentes da graduação.
Esse cenário hostil alcançou seu ápice na quarta-feira (14), quando os estudantes expandiram a ocupação para o Pavilhão João Lyra Filho, o edifício principal do Campus Maracanã. Os estudantes construíram barricadas com mesas e cadeiras para bloquear o acesso ao edifício. O conflito culminou na tentativa de desocupação do pavilhão, provocando relatos de violência por parte dos seguranças e servidores designados para retirar os alunos.
Por outro lado, a representação da Uerj nega a violência e afirma que a desocupação transcorreu pacificamente. No entanto, em comunicado emitido posteriormente, a reitoria descreveu as ações dos estudantes como inaceitáveis, incitando uma sindicância para apurar imediatamente os fatos e identificar os responsáveis. Na sequência, a Uerj emitiu um novo anúncio onde informava a suspensão dos estágios acadêmicos no dia seguinte, quinta-feira.
Em meio à intensa confusão, os servidores e seguranças da Uerj removeram as barricadas do prédio recentemente ocupado pelos estudantes. As redes sociais foram inundadas com vídeos divulgados pelos alunos onde se pode ver a fervorosa confusão.
No entanto, a Uerj garante que aproximadamente 40 estudantes continuam a ocupar apenas a área da reitoria no campus Maracanã e que seguranças terceirizados e servidores desmontaram as barreiras de entrada e liberaram o prédio de forma pacífica.
Os estudantes têm uma série de demandas e, de acordo com Mariola Araújo, estudante de Ciências Sociais, as negociações ficaram em ponto morto, sem diálogo e sem propostas para concluir o processo. As reivindicações dos alunos estão centradas principalmente na revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) 038/2024, que consiste em uma série de medidas que afetam diretamente o valor e os critérios para recebimento de auxílios e bolsas de estudo.
Em resposta à crescente pressão, a Uerj emitiu um comunicado no final de julho, explicando que as bolsas de vulnerabilidade foram criadas em um regime excepcional durante a pandemia e, por tanto, estavam condicionadas à disponibilidade de recursos. A Uerj também afirmou que das 28 mil matrículas realizadas, 9,5 mil alunos ainda são beneficiados pelo auxílio, priorizando cotistas e alunos com renda familiar per capita de meio salário mínimo. A situação permanece incerta ao passo que os estudantes e a reitoria buscam uma solução para o impasse.