A história do ensino superior no Brasil está intimamente ligada à colonização e à vinda da Família Real Portuguesa ao país. Foi a partir daí que surgiu o embrião de instituições, como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a UFBA (Universidade Federal da Bahia) e a USP (Universidade de São Paulo).
Até 1808, quando Dom João VI desembarcou no Brasil, havia apenas um curso superior no país: o Colégio dos Jesuítas, em Salvador, que trabalhava na formação de sacerdotes católicos.
Até então, Portugal não permitia que a colônia tivesse cursos de ensino superior e era comum que a elite colonizadora enviasse seus filhos para estudar na metrópole, no outro lado do Atlântico. Porém, com a vinda de Dom João VI e a família dele, fugindo da guerra com Napoleão, o Brasil foi alçado ao status de capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
E com essa mudança vieram algumas medidas, como a abertura dos portos, a criação de jornais, a fundação do Banco do Brasil e o surgimento das duas primeiras faculdades brasileiras: a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e a Faculdade de Medicina da Bahia, que hoje são, respectivamente, a UFRJ e a UFBA.
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Apesar de descender diretamente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, fundada em abril de 1808, a escola mais antiga que compõe hoje a UFRJ vem de antes da vinda da Família Real portuguesa.
Trata-se da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, voltada na época apenas para militares, que surgiu em 1792 e depois tornou-se a Escola Politécnica. A Real Academia é considerada a sétima escola de engenharia mais antiga do mundo.
Nomes como o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy e o abolicionista André Rebouças formaram-se como engenheiros pela Politécnica do Rio de Janeiro.
A UFRJ surgiu a partir da união dessas e outras escolas, como a Escola de Belas Artes (fundada em 1816), em 1920. Ela está presente em três municípios, conta com 173 cursos de graduação e mais de 45 mil alunos.
UFBA (Universidade Federal da Bahia)
A UFBA surgiu em fevereiro de 1808 como Escola de Cirurgia da Bahia, ocupando o mesmo Terreiro de Jesus onde ficava o Colégio dos Jesuítas. Foi alçada ao status de universidade somente em 1946, quando incorporou outras instituições baianas, como a Academia de Belas Artes e a Escola Politécnica.
Foi na UFBA, na década de 1960, que surgiram duas importantes manifestações culturais brasileiras, o Cinema Novo e o Tropicalismo. Hoje, a federal da Bahia está presente nas cidades de Salvador e Vitória da Conquista, conta com mais de 41 mil alunos e oferece 126 cursos de graduação.
UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)
A UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) originou-se da Faculdade de Direito de Olinda, fundada em agosto de 1827. Décadas depois, a instituição transferiu-se para Recife, onde está até hoje.
Entre os nomes que passaram pelas salas de aula da Faculdade de Direito de Recife estão Paulo Freire, Castro Alves, Ariano Suassuna e Assis Chateaubriand.
Em 1946, a Faculdade de Direito uniu-se com as faculdades de Medicina, Filosofia, Belas Artes e Engenharia para fundar a UFPE. A universidade está presente em três municípios pernambucanos, oferece 109 cursos de graduação e conta com mais de 30 mil alunos.
USP (Universidade de São Paulo)
Tanto a Faculdade de Direito de Olinda quanto a de São Paulo foram fundadas no mesmo dia, após decreto do imperador Dom Pedro I. Localizada no Largo São Francisco, no centro da capital paulista, a Faculdade de Direito de São Paulo foi uma das escolas que depois formou a USP, a mais prestigiada universidade do país.
Da SanFran, como é popularmente conhecida, emergiram 13 presidentes da república e 55 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A USP como a gente conhece hoje surgiu em 1934 e completou 90 anos no começo de 2024. Ela formou-se da união de outras faculdades centenárias, como a Escola Politécnica (1893), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1901) e a Faculdade de Medicina e Cirurgia (1912).
Reconhecida recentemente como a melhor universidade da América Latina, a USP hoje está presente em sete municípios paulistas, oferece 257 cursos e conta com mais de 62 mil alunos.
Mais instituições e uma controvérsia
Ao longo do século 19 surgiram outras faculdades que depois tornaram-se universidades públicas. É o caso da Escola de Farmácia de Ouro Preto (1839) que depois virou a UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e da Faculdade Livre de Direito (1892), que deu origem à UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Em 1896 surgiu em São Paulo a Escola de Engenharia Mackenzie, ligada à Igreja Presbiteriana, que deu origem à universidade privada de mesmo nome.
Tanto a UFAM (Universidade Federal do Amazonas), fundada em 1909, quanto a UFPR (Universidade Federal do Paraná), fundada em 1912, afirmam ser a universidade – na concepção de ser uma única instituição oferecendo cursos de diversas áreas do conhecimento – mais antiga do Brasil.
A UFPR defende que, apesar da data de fundação anterior, a UFAM (na época Escola Universitária Livre de Manaós) foi reconhecida oficialmente como “universidade” meses depois que a Universidade do Paraná, como era chamada no começo do século.
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