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Vacina de HPV reduz em 62% mortes por câncer de colo de útero, diz estudo

Um estudo publicado no final de novembro na revista científica JAMA Network mostrou que a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) reduziu em 62% as mortes por câncer de colo de útero entre as mulheres com menos de 25 anos, nos Estados Unidos. O trabalho é o primeiro a sugerir o impacto da vacinação contra o vírus nas mortes pelo tumor.

O HPV é um vírus sexualmente transmissível e possui mais de 100 tipos, dos quais pelo menos 14 são cancerígenos, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dois tipos de HPV (o 16 e o 18) causam 70% dos cânceres de colo do útero e lesões pré-cancerosas na região. Também há evidências científicas que relacionam o HPV ao câncer de ânus, de vulva, de vagina, de pênis e de orofaringe.

O câncer de colo de útero é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres que vivem em regiões menos desenvolvidas do mundo. Em 2018, foram 570 mil novos casos, de acordo com a Opas.

Apesar de ser raro, a doença pode acometer mulheres com menos de 25 anos. Ao examinar as mortes nessa faixa etária, pesquisadores da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, conseguiram ver o impacto inicial das campanhas de vacinação contra o HPV.

Para isso, eles analisaram as mortes por câncer de colo do útero em blocos de tempo de três anos. Durante a década de 1990, houve entre 50 e 60 mortes pelo tumor nacionalmente em mulheres com menos de 25 anos em cada bloco de tempo de três anos. Durante o período de 2019-2021, houve apenas 13 mortes.

No entanto, a equipe alerta para a queda da cobertura vacinal no país. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), apenas cerca de 60% dos jovens de 13 a 15 anos receberam as doses recomendadas da vacina, um valor abaixo da meta de 80% estipulada pelo Healthy People 2030.

“Houve um declínio na vacinação contra o HPV após Covid-19 na geração mais recente de adolescentes dos EUA. Isso é preocupante, pois um declínio na aceitação da vacinação levaria potencialmente a ganhos menores”, diz Ashish Deshmukh, autor sênior e colíder do Programa de Pesquisa de Prevenção e Controle do Câncer no MUSC Hollings Cancer Center.

No Brasil, a vacinação contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Imunizações desde 2014 e é oferecida gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. No entanto, também houve uma queda na cobertura vacinal após a pandemia de Covid-19.

“[Isso aconteceu] devido à interrupção de campanhas de vacinação e redução na busca por unidades de saúde. Dados recentes indicam que estamos abaixo da meta de 80% de cobertura estabelecida pelo Ministério da Saúde. Retomar as campanhas de conscientização é essencial para aumentar a adesão e proteger uma geração contra o HPV e suas complicações”, observa Émile Almeida, ginecologista e cirurgiã ginecológica.

Qual é a relação entre HPV e câncer?

A especialista explica que a infecção por HPV, especialmente pelos subtipos 16 e 18, pode causar alterações celulares no colo do útero. “O vírus infecta as células da camada basal do epitélio cervical, podendo interferir no ciclo celular e levar a mutações”, esclarece.

“Em casos persistentes e sem tratamento, essas alterações podem evoluir para lesões pré-cancerosas, que eventualmente se transformam em câncer cervical. Esse processo é lento e pode levar anos, o que reforça a importância do rastreamento regular por meio do exame de Papanicolau”, acrescenta.

Além da vacinação, a prevenção do HPV pode ser feita com exames regulares e o uso de preservativos. “A educação sexual para conscientizar sobre a transmissão do HPV e a importância da vacinação é fundamental. No caso do câncer de colo de útero, um acompanhamento ginecológico regular ajuda a detectar alterações iniciais que podem ser tratadas antes de evoluírem para o câncer”, afirma a ginecologista.

O uso de dispositivo intrauterino (DIU) também pode ser um aliado, de acordo com a especialista, principalmente o de cobre.

“Estudos sugerem que ele provoca uma resposta inflamatória local no útero, dificultando a persistência do HPV, que é um fator-chave no desenvolvimento do câncer”, afirma Almeida.

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