A economia brasileira vem presenciando uma alta alarmante nas taxas de juros de várias modalidades de crédito, com especial destaque para o cartão de crédito rotativo. Conforme dados recentes divulgados pelo Banco Central (BC), os juros do rotativo do cartão de crédito registraram um aumento de 11,5 pontos percentuais para as famílias em setembro, atingindo uma taxa anual de 438,4%.
A informação é ainda mais surpreendente quando se considera a medida implantada pelo BC no início do ano com o objetivo de limitar o uso do rotativo. No entanto, essa ação não conseguiu frear o aumento acelerado dos juros, que cresceram de forma significativa ao longo dos meses sem exibir qualquer tendência de diminuição expressiva.
O cenário se torna ainda mais complexo quando observada a inadimplência. A incapacidade de pagamento por parte das famílias brasileiras permaneceu estável em 3,2% durante o mesmo mês. Essa taxa de inadimplência reflete o montante de pagamentos atrasados além de 90 dias.
O crédito rotativo é um recurso utilizado pelos consumidores quando estes efetuam o pagamento de um valor inferior ao total da fatura do cartão de crédito. Ou seja, o consumidor contrai uma modalidade de empréstimo, sobre a qual começam a incidir os juros sobre o valor que não foi quitado. Esta modalidade é conhecida por ser uma das mais caras do mercado.
Diante deste cenário, é válido mencionar também a situação do cartão de crédito parcelado. Nessa modalidade, os juros cresceram 3,8 pontos percentuais no mês e caíram 8 pontos percentuais em 12 meses, chegando a 185,8% ao ano.
No âmbito geral, a taxa média de juros das concessões de crédito livre para as famílias aumentou 0,5 ponto percentual em setembro, mas acumula uma redução de 4,9 pontos percentuais ao longo do último ano, situando-se em 52,4% ao ano. Apesar disso, o cenário preocupa, especialmente quando se considera o impacto da alta taxa de juros do cartão de crédito rotativo.
Desde 2020, a taxa de juros do cheque especial, por exemplo, foi limitada em 8% ao mês (151,82% ao ano). Porém, a queda da taxa Selic e o aumento da inadimplência têm refletido na elevação da taxa média de juros do cheque especial, que atingiu 137,1% ao ano.
Diante deste cenário, é fundamental que os consumidores estejam sempre atentos às taxas e condições das modalidades de crédito que possuem, evitando, assim, endividamentos desnecessários e perigosos para a saúde financeira das famílias.