Resumindo notícias recentes sobre a geopolítica do Oriente Médio, o parlamento de Israel, o Knesset, aprovou na segunda-feira (28) projetos de lei que proíbem a operação da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) em território israelense. Esta ação foi tomada apesar da considerável pressão internacional contrária a tal medida.
A UNRWA tem um histórico de sete décadas de assistência aos refugiados palestinos na região. Como principal agência humanitária a oferecer esse serviço, ela funciona como uma provedora essencial de educação, saúde e assistência social e humanitária aos palestinos em diversos países. Com mais de 20 mil funcionários, a aprovação da legislação pelo Knesset representa uma grande ameaça ao trabalho da UNRWA na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. A medida visa proibir qualquer contato das autoridades israelenses com os representantes da UNRWA e seu trabalho.
O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, condenou a decisão, argumentando que ela viola a Carta da ONU e as obrigações de Israel perante o direito internacional. Segundo ele, a votação não é mais do que uma tentativa de desacreditar a agência da ONU. Além disso, ele sustenta que a medida só vai intensificar o sofrimento dos palestinos, principalmente aqueles em Gaza, e negar a mais de 650 mil crianças o acesso à educação pode colocar em risco uma geração inteira.
Aprovações como esta revelam a contínua tensão política entre Israel e a Palestina. Israel acusa a UNRWA de colaborar com o Hamas e outros grupos armados palestinos. Embora essas acusações tenham sido usadas como argumentos principais para a aprovação dos projetos, um relatório independente de abril de 2021 concluiu que Israel não apresentou evidências que comprovem tais alegações.
A restrição ao trabalho da UNRWA foi criticada tanto por governos nacionais quanto por organizações internacionais. Ministros de relações exteriores de países como Canadá, Austrália, França, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido demonstraram grave preocupação. Segundo eles, a proibição trará consequências profunda e amplamente negativas para uma situação humanitária já em rápida deterioração.
A União Europeia também expressou descontentamento, afirmando que todas as agências da ONU incorporam a ordem internacional baseada em regras. Essa ordem, que defende e implementa tanto a letra quanto o espírito da Carta da ONU, deve ser respeitada por todos os estados membros da ONU, incluindo Israel.
Diante disso, fica evidente que as implicações desses projetos de lei vão além do alcance imediato de Israel e Palestina, tocando também a comunidade internacional, a confiança mútua entre nações e o respeito pelos direitos humanos e pelo direito internacional. Essa notícia é um indicativo importante da intrincada situação no Oriente Médio e do delicado equilíbrio geopolítico global envolvido.