Apesar da ampla conscientização de que é preciso ‘evitar água parada’ para impedir a propagação de doenças como dengue, zika e chikungunya, um estudo recém-lançado pela UNICEF revela que estratégias de comunicação focadas unicamente nessas mensagens são insuficientes para provocar mudanças significativas no combate a essas arboviroses.
Conduzido com o apoio da biofarmacêutica Takeda, o estudo destaca que a diferença entre conhecimento e ação depende de uma confluência de fatores, comportamentos, normas sociais, infraestrutura e acesso a políticas públicas. Embora as pessoas possam entender o que é benéfico para si mesmas e para suas famílias, existe uma diferença marcante entre o que elas afirmam fazer e os hábitos que efetivamente incorporam em suas rotinas diárias.
Para explicar isso, o estudo realizou uma revisão de literatura, seguida por pesquisa de campo e entrevistas, para entender o que motiva ou impede a adoção de práticas de prevenção ao Aedes aegypti. Esses fatores foram classificados em três níveis: psicológico, sociológico e estrutural.
Os fatores psicológicos incluem o histórico de infecção e a percepção de risco. Para pessoas que nunca tiveram a doença, por exemplo, pode haver uma tendência a desacreditar na gravidade. Além disso, práticas preventivas podem parecer difíceis, demoradas e complexas, o que desencoraja muitos a tomar medidas.
No nível sociológico, a falta de organização coletiva e a pressão social para cumprir práticas preventivas podem ser obstáculos significativos. E, finalmente, no nível estrutural, a presença de estruturas urbanas inadequadas, como a falta de coleta de lixo e de terrenos baldios, além de uma escassez de agentes de saúde, dificulta a prevenção.
Para superar esses fatores, o estudo da UNICEF aponta para a importância de se associar o controle de mosquitos a comportamentos desejáveis por parte da comunidade, aumentar a percepção de risco e reduzir custos e esforços associados à prevenção. Além disso, a implementação de melhorias na infraestrutura e limpeza urbana, bem como o aumento dos investimentos em políticas públicas, poderiam fortalecer a adesão da população às medidas de prevenção.
Em suma, enquanto a mensagem de evitar água parada é vital, uma abordagem multifacetada, abrangendo aspectos sociais, estruturais e psicológicos, é necessária para combater a disseminação das arboviroses de forma mais eficaz.