Avanços e desafios dos estudantes indígenas no ensino superior

Buscando por representatividade e apoio no ambiente universitário, estudantes indígenas de diversas etnias se reuniram na capital brasileira, Brasília. O evento, denominado encontro XI dos Estudantes Indígenas (ENEI), acolheu cerca de mil estudantes de mais de cem povos indígenas de todo o Brasil.

Este encontro, organizado pela Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB), possibilitou um espaço para que discussões importantes fossem realizadas. Entre as pautas debatidas, a criação e a implementação de uma universidade voltada exclusivamente para os povos indígenas foi uma das principais. As audiências, realizadas no Senado, incluíram nesta discussão a necessidade de atenção para as particularidades culturais e educacionais dos indígenas.

Pelo direito de serem vistos e ouvidos, os estudantes indígenas também reivindicaram cotas nas universidades. Uma carta de reivindicações escrita por coletivos indígenas de 25 universidades brasileiras foi entregue durante o evento. Nesta, pontos importantes foram salientados como a ciência dos povos indígenas que, segundo Manuele Tuyuka, presidente da AAIUnB, deve estar intrínseca ao ambiente universitário.

Tuyuka defendeu a inserção da ciência indígena sob o argumento de que é necessário ampliar a diversidade, a identidade cultural e educacional presente nas universidades. As instituições de ensino superior, argumentou Tuyuka, não devem estar restritas à grade ocidental, mas devem permitir que sejam trazidas também a diversidade e a identidade indígenas.

Alisson Cleomar, estudante de medicina e da etnia Pankararu, relembrou as dificuldades enfrentadas pelos universitários indígenas, apontando o preconceito e a descriminação como obstáculos presentes em suas trajetórias acadêmicas. As dificuldades, contudo, fortalecem a coletividade indígena, que apoia mutuamente a continuidade dos estudos.

Histórias como a de Thoyane Fulni-ô Kamayurá, estudante de engenharia florestal que precisou interromper os estudos por estar grávida, e de Yonne Alfredo, da etnia Tikuna que precisou ficar longe dos parentes para realizar a graduação em biologia, são exemplos de persistência e determinação que mostram as dificuldades e os desafios enfrentados nesse processo.

No final do evento, o consenso entre os participantes é de que, embora ainda existam muitos desafios a serem enfrentados pelo estudante indígena nas universidades, houve avanços significativos nas últimas décadas. Em seu discurso final, Manuele Tuyuka expressou a esperança de que as reivindicações sejam levadas a sério e que medidas efetivas sejam implementadas, para que a voz dos estudantes indígenas seja finalmente ouvida.

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