De acordo com um recente relatório produzido pelo Instituto Cidades Sustentáveis, a cidade do Rio de Janeiro destaca-se infelizmente entre as cinco capitais brasileiras onde a desigualdade salarial entre homens e mulheres é mais acentuada. No Rio, as mulheres recebem em média 28,75% menos que os homens, significando que para cada R$ 100 recebidos pelos homens, as mulheres recebem R$ 71,25.
Este flagrante desequilíbrio, produto de arraigadas estruturas sociais e culturais, põe em relevo um dos principais desafios para a próxima gestão municipal carioca. O relatório, baseado em dados provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do segundo trimestre deste ano, evidencia que a administração local tem um papel central na promoção de ações para reduzir tal desigualdade.
Entre as medidas sugeridas por especialistas no assunto, estão a garantia de creches e escolas em tempo integral para as mães que trabalham e a concessão de crédito voltado para empreendimentos liderados por mulheres. A inclusão das mulheres em espaços de renda qualificada, além de promover justiça social, contribui para a dinamização da economia, uma vez que gera mais renda, mais trabalho e impulsiona a economia, de acordo com a presidente do Conselho de Mulheres da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Carla Pinheiro.
Os dados do relatório ainda revelam que a diferença salarial, longe de ser uma peculiaridade recente, vem aumentando constantemente. Em 2026, a diferença no Rio era de 26,2%. Chegou a 18,03% em 2022 e, em 2024, atingiu a marca de 28,75%.
Além disso, o estudo aponta que a capital fluminense se encontra em melhor posição em relação a algumas outras capitais. Entre as quais João Pessoa, onde as mulheres ganham 28,89% a menos que os homens; Belo Horizonte, com uma diferença de 29,02%; Recife, com 29,30%; e Teresina, com a maior porcentagem do país, 34,17%.
Por último, vale ressaltar a importância desse tipo de relatório e sua ampla divulgação. Não só para chamar a atenção da sociedade civil para esse problema estrutural, mas também para pressionar as autoridades a adotarem as medidas necessárias, bem como para dar visibilidade às inovações e boas práticas que poderiam ser implementadas para combater tal desigualdade. Só um esforço concertado e persistente de todos os atores sociais permitirá eventualmente superar esse obstáculo, ainda tão presente na sociedade brasileira.