O livro Avabrum – 272 Vidas Presentes é um testemunho doloroso, mas indispensável, do desastre ambiental e humano que se abateu sobre Brumadinho, Minas Gerais, no ano de 2019. A obra, que será lançada nesta terça-feira, narra a história da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), fundada como resposta à trágica ruptura da mineradora Vale que ceifou 272 vidas em questão de minutos.
Uma das figuras centrais é Jacira Francisca Mateus Costa, co-fundadora da Avabrum e mãe de Thiago Matheus Costa, uma das vítimas. Ela descreve o drama vivido por seu neto, que se vê privado das respostas sobre a morte trágica de seu pai. Segundo ela, a história por trás de sua associação e as lições amargas, mas essenciais, decorrentes da dor da perda, são os principais temas abordados no livro.
O livro é resultado de uma iniciativa do Projeto Legado de Brumadinho, implementado em 2022 com recursos indenizatórios pagos pela Vale. O projeto tem como objetivo preservar a memória do desastre e é gerido pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo, composto pela Avabrum, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho e Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais. O Avabrum – 272 Vidas Presentes se junta a uma série de iniciativas, incluindo uma revista jurídica e uma campanha virtual, criadas para dar voz e dignidade às vítimas.
A obra será disponibilizada gratuitamente e em três línguas (português, inglês e espanhol). O material foi meticulosamente organizado em verbetes, coletados de diversas fontes como livros anteriores sobre a tragédia, artigos de jornais, documentos oficiais e o próprio convívio com os familiares afetados.
Este livro é sobretudo uma ferramenta de resistência contra o esquecimento e a indiferença. Viviane Raymundi, coordenadora de Comunicação Institucional do Projeto Legado de Brumadinho e uma das responsáveis pela pesquisa e edição da obra, afirma que o risco de um desastre como o de Brumadinho se repetir é diretamente proporcional à vontade coletiva de esquecê-lo. Ao garantir a memória das vítimas e a manutenção do legado do desastre, a obra se apresenta como um instrumento imprescindível para prevenir futuras tragédias.