Texto-longo: O Brasil está enfrentando um grande desafio ambiental: o país é responsável pelo descarte anual de 1,3 milhão de toneladas de plástico nos oceanos. Sentindo o peso dessa responsabilidade, organizações como Oceana estão divulgando relatórios para trazer consciência a essa questão.
A quantidade de plástico despejada pelo Brasil representa 8% da poluição plástica global, colocando o país entre os principais infratores no planeta e no topo da lista na América Latina. Essas informações são provenientes do relatório intitulado Fragmentos da Destruição: impacto do plástico à biodiversidade marinha brasileira, lançado pela ONG Oceana.
A intenção deste estudo é discutir o impacto da poluição plástica na biodiversidade marinha e incentivar uma transição do atual modelo de produção e descarte de plásticos que tem causado danos significativos ao meio ambiente, à economia e à sociedade. Conforme descrito pelo oceanógrafo e diretor-geral da Oceana, Ademilson Zamboni, o modelo precisa ser urgentemente substituído para mitigar a poluição dos mares.
Os efeitos desta contaminação extensiva são desastrosos para os ecossistemas marinhos, e são visíveis nos 200 tipos de espécies marinhas que ingerem plástico, onde 85% já estão em risco de extinção. Desses, um em cada dez morre devido a problemas de saúde correlacionados, como desnutrição e baixa imunidade, causados pela exposição prolongada a substâncias químicas nocivas introduzidas pelo plástico. Nesse contexto, é alarmante que quase metade das 99 espécies estudadas tinham plástico em seus sistemas.
O plástico tem um impacto ainda mais direto na alimentação humana. Com a contaminação dos moluscos e 98% dos peixes amazônicos analisados em riachos encontrando-se com plástico ou microplástico em seus sistemas digestivos e nas brânquias – e a ingestão subsequente desses animais contaminados pelos humanos –, estamos enfrentando uma crise que se reverbera além do reino animal.
Para reverter essa situação, é necessário investimento em pesquisa e desenvolvimento, promoção de alternativas acessíveis ao plástico e a construção de uma legislação específica que regulamente a produção de plástico, em especial os descartáveis. Só assim poderemos começar a abordar a quantidade alarmante de resíduos despejados continuamente em nossos oceanos e trabalhar para um futuro mais sustentável.