Em uma ação chocante, um sindicato de jogadores, a associação das Ligas Europeias e La Liga (órgão que supervisora o Campeonato Espanhol) lançaram uma queixa combinada nas esferas regulatórias antitruste da União Europeia contra a FIFA. Eles alegam que a entidade internacional de futebol é culpada de abuso por impor um calendário muito intenso para os times de elite europeus.
Este aqui é um exemplo clássico do crescente descontentamento no seio do futebol, onde as ligas europeias se preocupam com o impacto deste calendário dilatado sobre o bem-estar físico e mental dos jogadores. Apesar dos enormes salários que estes atletas são remunerados, não é raro ouvir relatos de jogadores que sofrem de fadiga, lesões e outras dificuldades psicológicas.
“A reclamação contém embasamento nas décisions autoritárias da FIFA acerca do calendário internacional, as quais são interpretadas como abusivas e uma violação das leis de competição da União Europeia”, foi aquilo que os órgãos autorais da ação declararam.
A reivindicação ganha ainda mais peso quando consideramos que entre as ligas que formam a European Leagues estão a Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), Serie A (Itália) e Ligue 1 (França). Um dos pontos de discórdia é o Mundial de Clubes, que a partir do próximo ano, expandirá de 7 para 32 times. Isso poderia fazer com que os tours de pré-temporada sejam comprometidos, afetando a estratégia de expansão global desses clubes.
O presidente-executivo da Premier League, Richard Masters, fortemente reforçou a reivindicação, dizendo: “Está chegando a um ponto crítico. O feedback que recebemos dos jogadores é que há futebol demais sendo jogado e há uma expansão constante” . Neste mesmo sentido, Javier Tebas, presidente da La Liga, acusou a FIFA de “agir apenas em seu próprio interesse, sem considerar os danos a todo o ecossistema do futebol”.
Apesar dessas alegações, a FIFA argumenta que o novo calendário foi aprovado por representantes de todas as partes do globo, incluindo da Europa, após consultas com as ligas e a FIFpro, o sindicato internacional dos jogadores.
No entanto, o aumento do Mundial de Clubes e a expansão da Copa do Mundo de 32 para 48 países, e ainda mais compromissos a serem cumpridos pelos jogadores, sugerem um panorama de futuro preocupante para o bem-estar dos jogadores. Mathieu Moreuil, diretor de relações internacionais de futebol e assuntos da UE da Premier League, destacou que o problema principal é a FIFA sendo responsável pelo calendário internacional, ao contrário da UEFA, com que têm de lidar de uma forma diferente devido ao diálogo existente.
Esta crescente tensão entre organizações e atletas sinaliza um momento crítico para o futebol europeu e possivelmente global. Com jogadores, ligas e sindicatos pedindo por uma mudança, a FIFA pode precisar reconsiderar suas estratégias para manter a sustentabilidade a longo prazo do futebol.