O Rio Tietê, que atravessa praticamente todo o estado de São Paulo, de leste a oeste, tem mostrado sinais alarmantes de poluição. Um recente estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que, em 2024, houve um aumento de 29% na poluição do rio em relação ao ano anterior.
O estudo, feito pela iniciativa Observando os Rios, analisou 576 km do riacho e constatou que 207 km de água se tornaram impróprios para uso, um aumento acentuado dos 160 km registrados antes. Além disso, entre esses 207 km, 131 km tinham qualidade ruim e 76 km estavam péssimos. Este é o quarto ano consecutivo onde a área poluída vem crescendo.
A terminologia ‘mancha’ foi usada para descrever os trechos do rio que se encontram sem oxigênio, acumulando poluentes suficientemente altos para que as bactérias aeróbicas paralisem seu funcionamento, enquanto as anaeróbicas entram em ação. Esta condição leva o rio a ter um aspecto escurecido, mau cheiro e reduz a diversidade biológica, eliminando a presença de peixes, aves ou moluscos.
A falta de saneamento básico e as mudanças climáticas foram indicadas como as principais causas para esse aumento significativo na mancha de poluição. O coordenador da Causa Água Limpa da SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi, destacou a queda na chuva na região metropolitana como um fator importante, pois diminui a quantidade de água disponível para diluir os esgotos gerados, agravando o problema da poluição.
Este problema não é apenas uma ameaça ao meio ambiente, mas também um indicador calculado das políticas públicas deficitárias no tratamento de água e esgoto. É um alerta para a necessidade de maior envolvimento da sociedade com questões de saneamento básico e controle da poluição.
Entretanto, nem tudo está perdido. Pode ser um problema que requer um estado de atenção constante, mas a despoluição do rio é de fato possível. Uma cooperação conjunta do poder público, empresários, agricultores, comerciantes e cidadãos é fundamental para garantir a implementação de medidas efetivas para a restauração e preservação do Rio Tietê.
O governo de São Paulo, por meio do Programa IntegraTietê lançado em março do ano passado, já anunciou planos para a revitalização do rio paulista, prevendo um investimento de mais de R$ 23,5 bilhões até 2029. Isso incluirá a melhoria do sistema de saneamento básico, desassoreamento, gestão de pôlderes, monitoramento da qualidade da água e recuperação da fauna e flora.
No entanto, esse é apenas o começo. É preciso continuar pressionando para a implementação de planos integrados decisivos para a despoluição do rio que considerem os impactos das mudanças climáticas, do saneamento ambiental nas cidades e do uso da terra nas áreas rurais. O futuro do Rio Tietê – e nosso próprio futuro – depende disso. Afinal, a proteção do nosso meio ambiente é uma responsabilidade que todos devemos compartilhar.