Em menos de dois meses, o Brasil passará por uma mudança significativa na vacinação contra a poliomielite. A vacina oral poliomielite (VOP), comumente conhecida como ‘gotinha’, será substituída pela vacina inativada poliomielite (VIP), que é aplicada por meio de injeção. Esta substituição recebeu o aval da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e vem com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A VOP contém o vírus enfraquecido e, se utilizada em condições sanitárias adversas, pode originar casos de pólio derivados da vacina, embora sejam menos comuns que as infecções por poliovírus selvagem. No entanto, a médica Ana Frota, representante do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta que, quando a vacinação em massa é feita com a VOP, o número desses casos pode se tornar relevante, provocando a necessidade de ação das autoridades públicas.
Frota salienta a logicidade da mudança para a VIP, mencionando também que a orientação atual é para que a VOP seja utilizada apenas para controlar surtos, como foi o caso recente na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.
Na esteira da pandemia de Covid-19, dados revelam que cerca de 67 milhões de crianças não receberam todas as doses de vacina programadas entre 2019 e 2021. A Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, parceira da OMS, teve que interromper a vacinação contra a pólio por quatro meses durante a pandemia.
Desde 1989, o Brasil não tem notificado casos de pólio, no entanto, as coberturas vacinais caíram significativamente nos últimos anos. Com a guinada para a vacina injetável e o constante trabalho das autoridades em saúde, a busca é para que o país continue livre da doença, chegando à total erradicação da pólio em território nacional e contribuindo para o controle mundial da doença.