A notícia recente de um corte de 0,5 ponto na taxa básica de juros nos Estados Unidos foi recebida com uma crítica construtiva pelo ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad. Em conversa com a imprensa na terça-feira, 18, o ministro afirmou que, na sua perspectiva, a decisão do Federal Reserve, o banco central norte-americano, veio com um atraso.
Haddad destacou que esta decisão, embora tardia, iniciará um ciclo duradouro de reduções de juros que terá efeitos positivos em escala global. Nós estávamos esperando para junho o corte do Banco Central americano. Houve uma pequena turbulência no início do ano que causou certa agitação nos mercados, disse Haddad, acrescentando que espera que agora a trajetória de cortes nos EUA seja longa e sustentável.
O comentário de Haddad segue em meio a um período de incertezas e volatilidades no mercado financeiro global, potenciadas por um leque de fatores, variando de tensões geopolíticas a domésticas. Particularmente para o Brasil, essas incertezas têm tido um efeito direto na valorização do dólar, algo que o ministro também mencionou durante o encontro com a imprensa.
Segundo Haddad, o início dos cortes de juros nos Estados Unidos trará mais previsibilidade para a economia global e minimizará a volatilidade futura no mercado financeiro. Para ele, isto seria ótimo para o Brasil e para o mundo, pois proporcionaria uma alívio interno significativo e colocaria a responsabilidade em continuar fazendo um bom trabalho em casa para colher os frutos desta nova fase.
Ainda assim, o ministro da Fazenda não comentou sobre a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil de elevar a Taxa Selic – a taxa básica de juros – para 10,75% ao ano. Ele esclareceu que a subida de 0,25 ponto não lhe causou surpresa, mas preferiu não fazer mais comentários até a leitura da ata do Copom, que deverá acontecer na semana seguinte.
A postura de Haddad sobre a Selic representa uma mudança notável em relação aos seus comentários anteriores, onde ele foi crítico ao atraso do Banco Central do Brasil em iniciar a redução dos juros. Contudo, quando a autoridade monetária começou a reduzir a Selic, em agosto do ano passado, o ministro celebrou a decisão. A despeito do silêncio de Haddad sobre a recente elevação da Selic, a sua análise da situação nos EUA é uma interessante insight para o que pode ser o panorama econômico nos próximos anos.