Na última quinta-feira (5), um incêndio começou a consumir vastas áreas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Até agora, o fogo já destruiu cerca de 10 mil hectares do parque. Administradores da reserva de preservação estimam que a área atingida se estende entre o Paralelo 14 e a Cachoeira Simão Correia.
Embora a causa exata do incêndio permaneça incerta, a administração do parque suspeita que possa ter sido resultado de ação criminosa. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o PrevFogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram rapidamente mobilizados para ajudar o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás a combater o incêndio.
Focos de incêndio foram também detectados em reservas privadas na região de Alto Paraíso de Goiás. Como medida de contingência, a EcoCiências do Cerrado organizou um mutirão para avaliar os danos e a extensão da destruição na Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN) Campo Úmido Voshysias e iniciar trabalhos de recuperação, que incluem a remoção de espécies exóticas de plantas.
Outra entidade envolvida nos esforços de recuperação é a Rede Contrafogo, que coordena brigadas voluntárias de combate ao incêndio. Um membro da Rede Contrafogo, Ivan Anjo, chamou atenção em uma rede social para o fato de que incêndios semelhantes ocorrem anualmente na mesma semana, levantando suspeitas de mão criminosa.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma reserva de grande importância para a preservação do Cerrado, bioma apelidado de ‘berço das águas’. No entanto, relatórios recentes indicam que o bioma pode sofrer uma redução de até 34% no fluxo dos rios até 2050.
De acordo com um monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o parque é frequentemente vítima de incêndios. Este ano, até a data do relatório (7), foram registrados quase 49.000 focos de incêndio somente no parque, um número inferior apenas ao da Amazônia.
O impacto do incêndio na já frágil ecologia do parque e nas populações locais é considerável. Dezenas de famílias tiveram de ser deslocadas e críticas foram feitas à administração local por sua aparente incapacidade de prever e lidar com esses desastres recorrentes.
A Agência Brasil tentou entrar em contato com o ICMBio, o Ibama e a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás para obter mais informações sobre o incidente, mas não obteve resposta até o momento. Entretanto, a recorrência desses desastres levanta sérias questões sobre as práticas de preservação e gestão dessas áreas críticas.