Em 30 de agosto, a nação de Timor-Leste celebrou no Parlamento em Díli, sua capital, o aniversário de 25 anos do referendo histórico que pavimentou o caminho para a independência. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi uma presença marcante nas celebrações. Na ocasião, Guterres foi agraciado com o título de cidadão timorense, em sinal de agradecimento pelos relevantes serviços prestados ao país.
O dia foi de festejos e reverência aos que perderam suas vidas lutando pela liberdade. Em um reconhecimento emotivo, no estádio municipal de Díli, Guterres destacou a contribuição decisiva de Xanana Gusmão para assegurar a independência de Timor-Leste.
Ian Martin, ex-chefe da missão das Nações Unidas no Timor-Leste, mencionou os principais desafios que o país enfrenta atualmente. Ressaltou a necessidade de oferecer serviços básicos e oportunidades de emprego para uma população majoritariamente formada por jovens. Martin destacou a importância de explorar alternativas econômicas além da exploração de petróleo no Mar de Timor, uma atividade que apesar de ser a principal fonte de renda do Estado, não oferece emprego para uma grande quantidade de pessoas.
Segundo ele, um dos principais desafios é dar continuidade ao espírito dos líderes históricos para as novas gerações timorenses. Martin se mostrou confiante de que isso será conseguido. Entre as principais conquistas do país, Ian Martin destacou que Timor-Leste é a nação mais democrática do Sudeste Asiático, com eleições livres, alternação de poder, uma sociedade civil ativa e liberdade de expressão.
Ian Martin, que liderou a missão da ONU, a Unamet, criada em junho de 1999, falou sobre a realização do referendo, que foi organizado e supervisionado pela Unamet, onde 78,5% dos timorenses que votaram escolheram a independência, anunciada em 4 de setembro, desencadeando uma onda de repressão pelas forças indonésias. Durante a vigência da missão foram mortos a tiro 14 funcionários, todos timorenses.
Com o resultado do referendo, a Indonésia abandonou Timor-Leste, e as milícias pró-indonésias deixaram um rastro de horror e violência. A partir de então o país foi governado pela autoridade de transição das Nações Unidas até a restauração da independência, em 20 de maio de 2002.