A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) viu seus estudantes voltarem a ocupar o Pavilhão João Lyra Filho – o prédio principal do campus Maracanã. O ato é um protesto contra as recentes alterações nas regras para a concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Segundo os estudantes, essas mudanças resultaram na exclusão de mais de 1.000 alunos dos respectivos benefícios.
Na noite de terça-feira (20), os estudantes ocuparam o edifício, levando à suspensão das atividades acadêmicas e administrativas na quarta-feira (21). O prédio já havia sido ocupado pelos estudantes anteriormente, no dia 14, mas o movimento acabou em confronto com seguranças e servidores da universidade, levando o grupo a recuar. Desta vez, eles ocuparam o prédio novamente, levantando preocupações na universidade.
A reitoria da Uerj expressou sua desaprovação em relação à ocupação, descrevendo-a como inaceitável e descabido o sequestro de um prédio público, com consequências negativas claras e imediatas para toda a comunidade acadêmica. De acordo com a universidade, o grupo de estudantes recusou-se a negociar, mesmo já tendo usado de violência. Além da ocupação do edifício, os manifestantes também são acusados de invadir uma sessão do Conselho Universitário, impedindo a saída dos conselheiros e deixando algumas pessoas feridas.
Porém, essa perspectiva não é compartilhada pelos estudantes. Eles negam a iniciação de qualquer violência e afirmam que, durante a sessão do Conselho Universitário, respeitaram as falas dos presentes. Além disso, alegam que um professor chegou a agredir um aluno.
Há três semanas, os estudantes estão em protesto, ocupando a Reitoria da Uerj. Eles solicitam a revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) 038/2024, que determina as novas regras para os auxílios estudantis. Entre as medidas polemicas, está a determinação de que o auxílio-alimentação só será pago a estudantes que frequentam campi que não possuem restaurante universitário.
Além disso, os estudantes contestam a nova regra que estabelece um limite para o recebimento de auxílios e Bolsa de Apoio à Vulnerabilidade Social, baseado na renda familiar bruta. Esta alteração resultou na exclusão de 1.200 estudantes dos auxílios. A universidade justifica as mudanças com a falta de orçamento.
Os estudantes pedem que a reitoria priorize a assistência estudantil e busque recursos para garantir a inclusão. Nós não somos inimigos, mas a reitoria está nos tratando como se fôssemos, declararam. Esta situação ilustra os desafios enfrentados pelas instituições de ensino superior no Brasil em relação à assistência estudantil e ao acesso à educação.